Food News Latam - Se eu quero o sucesso da minha empresa a longo prazo, preciso entender que dependo desta nova geração

 

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Se eu quero o sucesso da minha empresa a longo prazo, preciso entender que dependo desta nova geração

Brasil Cereales / Panadería

No segundo dia do DR Tá na Mesa 2021, o antropólogo e sócio fundador do Grupo Consumoteca, Michel Alcoforado, e a Head de Marketing da Red Bull falaram sobre as principais diferenças entre as gerações e como os comportamentos dos Zs estão modificando as relações de consumo e de trabalho


Conflitos geracionais sempre existiram, mas com o aumento da expectativa de vida e a maior participação social de crianças e adolescentes por meio das plataformas digitais, ampliando a convivência entre pessoas de diferentes faixas etárias, a sensação é de que esses conflitos reverberam muito mais. Um exemplo recente e famoso é o meme sobre o comportamento "cringe" dos millennials, uma piada dos Zs sobre a geração anterior a eles. O assunto ganhou a internet, rendeu muitas discussões e gerou ainda mais memes.

Pode parecer apenas uma disputa de gerações no ambiente virtual, mas o fato é que o comportamento dos Zs já está pautando as relações de consumo e de trabalho. Por isso, é essencial entender o contexto no qual eles estão inseridos, o que eles querem e como se comportam para que, tanto as marcas como as empresas, saibam como conversar com este público. E para além da visão de negócios, essa compreensão também beneficia a convivência entre as gerações.

"Não entender a diferença de contextos é o primeiro gatilho para conflitos internos nas organizações. Não tem certo ou errado. É importante ter mais empatia e entender que são mundos e formações diferentes para as pessoas criarem aquele modelo de pensamento e comportamento. Partindo desta premissa, conseguimos construir não só melhores relações de trabalho, mas também relações pessoais", analisa Gabriela de Conto, Diretora de Marketing Latam e convidada do segundo dia do fórum digital DR Tá na Mesa 2021- Alimentando ideias, nutrindo o futuro.

Para entender melhor as dinâmicas entre as gerações e, em especial, o contexto no qual os Zs estão inseridos, o antropólogo PhD, especializado em consumo e comportamento, e sócio fundador do Grupo Consumoteca, Michel Alcoforado, começou sua palestra resumindo as diferenças mais marcantes entre as gerações: "São indivíduos que convivem num mesmo período histórico e isso condiciona a maneira de enxergar o mundo e de viver. Os baby boomers, por exemplo, vieram em um momento pós-guerra e, para eles, o consumo representava liberdade. Na sequência, a geração X tem no consumo um papel de ostentação. Eles consomem para marcar sua posição na sociedade. Os millennials cresceram com a revolução tecnológica e puderam sonhar com mundos para além do material. Já os Zs, em particular na América Latina, surgem em momento de grande reviravolta econômica, política e cultural que vai marcar essa geração. Eles também convivem com a explosão dos problemas ambientais e tudo isso gera muita ansiedade", explicou.

Um dado apresentado por Michel confirma o sentimento de ansiedade desta geração: 55% dos Zs da América Latina se consideram muito ansiosos porque estão sempre preocupados em adiantar o futuro - que para eles é um lugar mais promissor do que o presente.

Como as marcas podem dialogar com os Zs
Além dos problemas ambientais e sociais, a hiperinformação é motivo de ansiedade latente nos Zs, segundo Michel. É também uma geração com alto índice de escolaridade em comparação às anteriores, mas em um mundo onde se tem plena consciência dos problemas e a solução parece estar distante, eles se sentem impotentes.

A saída que eles encontraram para lidar com este mundo é o deboche: "é uma estratégia muito usada por estes jovens para se posicionar diante de grupos hierarquicamente superiores a eles. Diante do deboche eles conseguem ser ouvidos porque é engraçado", reforçou Michel. Por isso, as marcas não precisam ter medo de assumir o deboche para se comunicar com eles, sugeriu o antropólogo. "Abrace a piada, o tom depreciativo. Isso traz autenticidade e gera conexão."

Apostar na co-criação foi outra dica apresentada por Michel para engajar os Zs. Isso porque envolvê-los na construção na marca e trazê-los para o debate alivia a sensação de impotência. E com este público, é importante adotar uma postura adulta: "eles querem envelhecer rápido; para eles, assumir responsabilidades alivia um pouco a sensação de impotência também, então tente reforçar isso e nunca infantilize discursos", completou.

Do que se alimentam? Como vivem?

Segundo Michel, a chamada comfort food faz sucesso entre os Zs. Eles gostam de "comida de vó", em grande quantidade e sem o "raio gourmetizador" dos millennials. Isso porque é um tipo de alimento que traz conforto emocional e proporciona segurança.

É também um público fortemente apaixonado por equipamentos e utensílios para cozinhar. "O que o micro-ondas fez pela geração X, a air fryer faz pelos Zs", brincou.
Sobre os hábitos alimentares, o antropólogo resumiu que a dieta dessa geração é consumida com um equilíbrio pragmático: "se enfio o pé na jaca hoje, amanhã recupero o movimento. Se quero comer junk food, posso procurar opções com menos sódio ou açúcar. O trash e a conveniência estão in!". Mas isso, de acordo com Michel, não quer dizer que não exista preocupação com a sustentabilidade, pelo contrário: "Eles querem ser junkies no consumo, mas a marca não pode ser junk na produção."

E quando o assunto é trabalho, como ficam as relações geracionais?

Gabriela contou que a Red Bull sempre teve, desde sua origem, uma cultura transgressora, não conformista e inovadora. Com o decorrer dos anos, para tornar a gestão mais sênior, a liderança da marca passou a ser feita por profissionais com mais de 40 anos. O desafio, então, foi conciliar e manter a cultura transgressora viva entre os funcionários para que isso continuasse se refletindo na marca, mas com equilíbrio no ambiente corporativo.

Segundo ela, a chave para contornar o inevitável choque entre gerações é olhar tudo sob uma ótica mais empática. Para ilustrar essas diferenças, Gabriela partiu de suas experiências pessoais: "O trabalho para minha geração se tornou uma espécie de identidade, você é o que você faz profissionalmente. Só que essa idolatria ao trabalho se tornou um aspecto de devoção que demandou investimento de tempo, abdicação de momentos com a família e horas de lazer."

Gabriela continuou sua análise pontuando que a geração X foi mais materialista e competitiva, valorizando a posse e o status, portanto, o trabalho se tornou um meio para viabilizar tudo isso.

Lições a aprender com os Zs

"Já os Zs têm algo muito peculiar. Por terem tanto acesso à informação e múltiplas possibilidades, eles valorizam a mobilidade e têm uma identidade mais fluida. Podem ser quem quiserem, estar onde quiserem. Eles valorizam mais as possibilidades e a liberdade. Enxergam os empregos como uma passagem, uma experiência e não algo para criar raízes. Isso é muito claro na geração Z e não é necessariamente ruim, eles não são menos comprometidos ou profissionais por conta disso. É simplesmente uma relação diferente com o trabalho que se dá em um mundo diferente", analisou.

Ela sugeriu que, se uma liderança tem postura mais similar à dos millenials, que se orgulha de fazer hora extra e trabalhar aos fins de semana, a mensagem que a empresa passa é a de que a cultura lá é essa. "Isso não inspira os Zs, eles estão bem atentos a isso. Uma coisa é buscar propósito no seu trabalho, outra é fazer do seu trabalho seu único propósito de vida. Esta é uma lição valiosa que podemos aprender com essa geração: manter uma relação mais saudável com nossa vida profissional", reforçou a Head de Marketing da Red Bull Latam.

Por outro lado, as empresas podem ajudar os Zs a administrar a questão da ansiedade. Gabriela observou que eles pedem mais autonomia, mas muitas possibilidades geram ansiedade. Então, o caminho é ter processos estruturados, agendas organizadas e objetivos claros para gerar mais segurança nesses colaboradores. "Dar mais liberdade, mas dar suporte. Dar espaço, mas mostrar qual é o corredor", pontuou.

Outra característica marcante dessa geração é o fato de serem muito questionadores. E isso pode ser bastante construtivo no ambiente de trabalho, afirmou Gabriela. Para ela, a criatividade e a inovação estão justamente na curiosidade e exploração das possibilidades sem medo. Por isso, é fundamental criar ambientes onde todos se sentem seguros para compartilhar seus pontos de vista.

"Se todo mundo pensar igual, as pessoas se tornam dispensáveis e a gente volta à era industrial. Precisamos criar espaços abertos para o diálogo", destacou a executiva.

E alertou: "É preciso entender que o mundo está em 2021. E se eu quero o sucesso da minha empresa a longo prazo, preciso entender que dependo desta nova geração."


Hoje a palestra é com Martha Gabriel

O terceiro dia de palestras do DR Tá na Mesa 2021, hoje, terá como convidada especial Martha Gabriel, escritora, escritora, PhD em artes, futurista e especialista em marketing. A partir das 15h30, ela vai aprofundar como a arte de contar histórias (storytelling) pode ser uma estratégia excelente para encantar os públicos, ganhar relevância e vender mais, dentro de um cenário de alta competitividade e falta de atenção da era digital.
Gratuito, com abrangência para toda a América Latina e tradução simultânea, o evento, que será realizado até amanhã, dia 02/09, das 15h30 às 17h30.

Para participar, basta se inscrever pelo link: https://lnkd.in/dX4CR94d

Confira o currículo da palestrante desta quarta-feira (01/09):

Martha Gabriel, PhD
Futurista pelo IFTF, engenheira (Unicamp), pós-graduada em Marketing (ESPM) e design (Belas Artes), mestre e PhD em artes (ECA/USP) e formação executiva (MIT Sloan). Autora de best-sellers como "Você, Eu e os Robôs” (finalista do Prêmio Jabuti) e “Marketing na Era Digital”. Escreve para Bússola Exame, MIT Technology Review Brasil, MIT Sloan Management Review Brasil. Atua como consultora e sócia de startups, com ampla gama de clientes, incluindo corporações multinacionais, bancos, governo e universidades. Professora na pós-graduação da PUC-SP e faculty internacional da CrossKnowledge. Palestrante keynote, mais de 80 palestras no exterior e 6 TEDx. É embaixadora no Brasil da Geek Girls.

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