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Atividade microbiana indica a saúde dos solos

Brasil Agricultura

Pesquisadores da Embrapa e parceiros vêm desenvolvendo estudos para estabelecer indicadores do funcionamento do solo no Cerrado a partir da vida microbiana na matéria orgânica. O trabalho já levou à construção das primeiras tabelas de interpretação de indicadores microbianos e ao início da criação de um banco de dados sobre a microbiologia dos solos da região.

 A matéria orgânica é o principal componente de fertilidade dos solos tropicais. É o melhor indicador de sua qualidade, por integrar todos os aspectos de química, física e biologia do solo. Mas as mudanças nos teores dessa matéria orgânica levam anos para serem detectadas. É aí que entram os microrganismos do solo, que atuam como bioindicadores da "saúde" do recurso. Qualquer mudança que afeta a matéria orgânica também afeta os microrganismos, só que os efeitos na comunidade microbiana podem ser detectados com mais rapidez.

Junto com a fauna e as raízes das plantas, os microrganismos do solo são a parte viva da matéria orgânica e podem ser utilizados como bioindicadores por estarem intimamente ligados ao funcionamento do solo, mantendo uma estreita relação com os componentes físicos e químicos. "Sem a presença dessa parte viva, o solo seria simplesmente uma mistura de areia, limo e argila. O que faz um solo ‘funcionar' é a maquinaria biológica que há nele", explica Ieda Mendes, pesquisadora da área de microbiologia do solo da Embrapa Cerrados (Planaltina, DF).

No Cerrado, os solos têm, em média, apenas 3% de matéria orgânica. E somente 5% dessa pequena quantidade é formada por seres vivos, sendo 70% deles microrganismos. Mas, até 1999, quando os estudos sobre o funcionamento biológico dos solos no bioma começaram, muito pouco se sabia sobre como esse processo é impactado pelos diferentes tipos de sistemas agrícolas.

OS MICRO HABITANTES DA TERRASegundo Ieda, a principal vantagem do uso de bioindicadores é antecipar que tipos de mudanças ocorrerão na matéria orgânica do solo em função do manejo adotado na fazenda, sejam elas positivas (aumentos) ou negativas (decréscimos). Como o estabelecimento de uma lavoura, de uma pastagem ou mesmo de um sistema de integração afeta diretamente a comunidade microbiana do solo e os processos realizados por ela, os bioindicadores podem detectar mudanças sutis nas propriedades dos solos, que ocorrem logo nos primeiros anos da introdução de um sistema agrícola.

"Por permitirem a identificação rápida e precisa de alterações no solo, o conhecimento e o uso dos bioindicadores pelos agricultores são muito vantajosos tanto para incentivar aqueles que já estão adotando sistemas de manejo conservacionistas quanto para alertar quem esteja adotando práticas que possam levar à degradação do solo", destaca a pesquisadora.

As perdas nos teores de matéria orgânica do solo são um sério problema para um sistema agrícola. Menos matéria orgânica significa perda de uma importante fonte de fósforo, nitrogênio e enxofre para as plantas e da capacidade de armazenamento de água no solo, além de redução da capacidade de reter íons de cálcio, magnésio e potássio, nutrientes fundamentais para o desenvolvimento das plantas, entre outros prejuízos. "Perder matéria orgânica, especialmente nos solos tropicais, é condená-los a um processo de desertificação", aponta Ieda.

Com o estabelecimento de bioindicadores de qualidade e de valores de referência para cada um deles, os estudiosos esperam que as avaliações de microbiologia do solo façam parte da rotina das análises laboratoriais de solo oferecidas comercialmente em todo o País, sem que o custo aumente de forma significativa, já que o preço das análises de atividade enzimática, por exemplo, não passa de R$ 30.

"Nosso objetivo é que algum dia, não muito distante, quando o agricultor enviar uma amostra de solo para o laboratório, possa ser feita não apenas a análise das características químicas e físicas, mas também das propriedades biológicas para saber se o manejo utilizado está sendo favorável ou não ao funcionamento biológico do solo", diz a pesquisadora.

Parâmetros

Estudos atuais sobre o funcionamento biológico do solo no Cerrado buscam selecionar indicadores biológicos mais apropriados para os diferentes agroecossistemas brasileiros e estabelecer os níveis críticos. A prioridade é dar ao agricultor subsídios – o que, como e quando avaliar, e como interpretar o que foi avaliado – para que ele possa monitorar a saúde do solo da fazenda.

Entre os parâmetros estudados estão a biomassa e a diversidade microbiana, a respiração basal e a atividade enzimática do solo. A biomassa microbiana é a massa (peso) dos microrganismos expressa em grama de carbono ou de nitrogênio por quilo de solo. A respiração basal é determinada pela captura do gás carbônico liberado de amostras de solo após um determinado período de incubação. As avaliações de atividade enzimática procuram estimar o potencial de enzimas de origem predominantemente microbiana e capazes de atuar na ciclagem de elementos químicos como fósforo, carbono, nitrogênio e enxofre. Já as avaliações de diversidade microbiana fornecem indicações sobre a variedade das espécies presentes no solo e também sobre as diversas funções que elas podem exercer.

No Cerrado, as avaliações de atividade enzimática têm se destacado pela precisão, simplicidade e baixo custo. Além de auxiliarem na compreensão dos processos de ciclagem dos nutrientes, elas fornecem indicações sobre o impacto dos diferentes sistemas de manejo na qualidade do solo.

Publicado na revista XXI - Ciência para a Vida

 

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